IGNORÂNCIA CRASSA
Naquele tempo ainda não tínhamos calo na alma e chorávamos lágrimas de
sangue por qualquer bagatela, a couraça novinha em folha guardada no
armário. Naquele tempo a gente pensava na alegria como direito líquido e
certo. Lutava com unhas e dentes e coragem de mamar em onça pelo que
não valia tostão furado. Naquele tempo a gente não sabia que amor é mal
sem remédio e que isso de felicidade não passa de conversa fiada para
boi dormir.
Astrid Cabral