terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Vento novo"

"Vento novo


Flora Figueiredo


Estava enrolada

em teias e traças,

debaixo da escada,

lá no subsolo

da casa fechada.

Começava a tomar ares de desgraça.

Manchada do tempo,

fenecia

a esperar que um dia

alguma coisa acontecesse.

Antes que se perdesse completamente,

sentiu passar um vento cor-de-rosa.

Toda prosa, espanou a bruma,

pintou os lábios

e sem vergonha nenhuma

caprichou no recorte do decote.

A felicidade volta à praça

cheia de dengo e de graça,

com perfume novo no cangote."

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