sábado, 24 de setembro de 2011

a morte da minha mãe

 Minha mãe morreu ou faleceu ou como nós espíritas dizemos: desencarnou dia 18 de agosto de 2011, às 5 horas da madrugada, ela teve um AVC hemorrágico e ficou 17 dias na UTI,  não estava em coma, mas estava inconsciente, como se estivesse dormindo.
No dia que ela teve o AVC ela estava até bem, apesar do Alzheimer, ela foi comigo e minha irmã ao Centro Espírita Allan Kardec de manhã, no piquenique, comeu bem, todos comentaram admirados de vê-la comendo sozinha.
Ela assistiu a apresentação de um ensaio de teatro com atenção, perguntou sobre algumas pessoas que estavam lá.
Passou a tarde bem, comeu uma salada de frutas à noite e durante o banho ela teve uma dor de cabeça muito forte(1º AVC), medi a pressão, estava 12 por 8, dei um remédio chamado lizador que o médico havia receitado em caso de dor, isso era por volta de 11:40, terminamos de dar banho nela, perguntamos se ainda estava sentindo dor e ela disse que não, pusemos ela na cama(ela estava com o ombro quebrado e por isso tínhamos que fazer tudo em duas(minha irmã e eu)pra ela), rezei junto com ela, como fazia todas as noites, ela me deu boa noite, apaguei a luz e vim pra sala(meia-noite).
À meia noite e 40min. ela gritou muito alto, fui correndo ao quarto e ela estava com a mão na boca dizendo que o céu da boca estava doendo muito(2º AVC), quando me aproximei da cama ela teve um estremecimento, como uma convulsão e caiu a cabeça pra trás e não acordou mais, não falou mais, eu chacoalhei ela ao mesmo tempo ligava pra minha irmã vir da casa dela que é nos fundos, ela chegou e pegou a mãe pra eu vestir a roupa, pois no momento que ela gritou de dor eu estava saindo do banho, vesti as calças e já estava ligando para os bombeiros pra virem levá-la ao hospital. Nesse momento minha irmã falou que a mãe estava vomitando, falei pra minha irmã virá-la de lado pra não engasgar, ao mesmo tempo que falava com o bombeiro ao telefone, uns 10 min depois chegou o carro e o bombeiro mais velho mediu a oxigenação e disse que estava boa, aí foi uma demora pra pegar a mãe e por na maca, pois a maca não entrava pela porta do quarto dela, eu disse a ele pra abaixar a maca, mas ele insistia em entrar com a maca erguida, tirou uma sapateira que estava na porta do meu quarto, pra entrar com a maca no meu quarto, pra depois entrar no quarto da mãe, aí ele abaixou a maca pra ficar mais baixo que a cama da mãe(pode uma coisa dessa?). Chegando lá na Santa Casa o médico de plantão disse que a mãe estava dormindo, pois o remédio lisador tem um antialérgico que segundo ele tinha potencializado o efeito do anti depressivo que ela havia tomado às 22:00h e do barbitúrico que ela tomou quando se deitou.(detalhe: ela havia tomado esse mesmo remédio 4 dias antes e não havia dormido mais do que o normal) A pressão da mãe começou a subir, chegou a 20 e em nenhum momento ele disse que ela podia estar tendo um AVC, o tempo todo ele dizia que ela estava dormindo e que tinha que esperar. Ela ficou apenas em observação na enfermaria, toda vomitada nas roupas de cama aqui de casa, só quando nós vimos que ninguém ia trocá-la foi que minha irmã e eu trocamos as roupas dela.
6 horas da manhã o médico saiu do hospital e foi atender no posto de saúde, quando chegou o outro médico que estávamos acostumadas a levar a mãe pra consultar, que a minha irmã falou com ele, ele disse que não podia nem olhar minha mãe, pois ela era paciente de outro médico, mas que nós fossemos falar com o médico que havia atendido e pedíssemos a ele pra encaminhar pra Presidente Prudente, já que ela tinha plano de saúde, fomos procurar o dito médico e ele não atendia o celular, só conseguimos localizá-lo às 15h, minha irmã foi falar com ele numa clínica particular e ele ainda perguntou pra minha irmã: "será que ela avecejou?", mas mesmo assim ele ainda atendeu 3 pacientes na clínica e só chegou ao hospital às 17h, aí foi procurar vaga nos hospitais de Presidente Prudente, quando chegou lá já puseram a mãe na UTI e fizeram uma tomografia e já constataram que ela teve 3 AVCs hemorrágicos e que o cérebro do lado direito estava tomado de sangue, o médico neurologista falou que se ela tivesse mais um ela não aguentaria, depois de alguns dias ele disse que era surpreendente ela estar viva, pois ele achou que ela não passava daquela noite. 
Nos primeiros dias ela ainda mexia a mão direita, apertava a mão da gente, abria os olhos, depois foi perdendo todos os movimentos, foi inchando demais e teve uma parada respiratória no décimo oitavo dia. 
 Estou escrevendo pra não perder os detalhes, pois a minha memória já não está tão boa como antigamente, posso esquecer os detalhes. Quero deixar registrado a pouca experiência do médico, o mal atendimento do qual minha mãe foi vítima. Mesmo sendo a hora da minha mãe desencarnar, ela podia ter sido socorrida com mais presteza. Acho incrível o médico não ter visto os sinais claros de um AVC: a perda do movimento do braço esquerdo, a dor na boca, a dor de cabeça muito forte e instantânea, o vômito, a pressão alta.
Estou conformada com a morte dela, pois sendo espírita sei que a morte é apenas uma passagem deste mundo material para o espiritual, o que não me conformo é a forma como o ser humano (des)trata outro. É muito triste!








a mancha branca do lado esquerdo é o sangue que derramou no cérebro dela(a foto está do lado errado)




essa é uma das lembrancinhas que fiz para distribuir às pessoas que a conheciam, pois é costume em nossa cidade entregar uma lembrança na missa de sétimo dia, como não somos católicas, mas temos parentes que o são fiz as lembrancinhas para entregar lá na igreja e depois as pessoas que fui encontrando depois, católicas ou não.